As lideranças portuárias que estão em Brasília para debater a MP 595, o novo marco regulatório dos portos brasileiros, anunciaram nesta quarta-feira uma nova paralisação nacional no setor, no próximo dia 19. O presidente do Sindicato dos Estivadores de Santos, Rodnei Oliveira da Silva, disse que a decisão foi tomada terça-feira à noite, em reunião plenária da categoria. Segundo ele, será uma paralisação de advertência, de 24 horas, pelo fato de as negociações com o Governo não terem avançado.
No dia 22 de fevereiro, o Governo e representantes dos trabalhadores do setor portuário fecharam um acordo para suspender as manifestações de protesto até o próximo dia 15. O período deveria ser usado para negociação da MP.
“Estamos achando que essa negociação está muito devagar. A nossa pauta era pra ser cumprida até o dia 15 e, provavelmente, não será”, argumentou o presidente da Força Sindical e deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
Diferentemente da primeira greve, ocorrida no dia 22 de fevereiro, que durou 6 horas, desta vez, o objetivo dos trabalhadores é suspender as atividades por 24 horas. A nova paralisação está marcada para começar às 7 da manhã.
Segundo o presidente da Força Sindical, se a estratégia não ajudar, a intenção é deflagrar uma greve por tempo indeterminado. A estimativa da categoria é que, só no Porto de Santos - o maior do país - seis horas de paralisação causem prejuízo de R$ 60 milhões.
Na pauta em discussão, quatro pontos são considerados fundamentais
pelos portuários. O mais polêmico é que os chamados Ogmos -
órgãos gestores de mão de obra, obrigatórios nos portos públicos -
atuem também nos portos privados que surgirão caso a MP seja aprovada.
A categoria também quer isonomia de custos. “Não podemos aceitar que o
porto privado não tenha custo e o porto público tenha custo,
porque o porto privado vai matar o público”, disse Paulinho.
Outro item, considerado de fundamental importância para a categoria,
pede a manutenção da Guarda Portuária.
“A gente sabe que a Guarda Portuária será terceirizada. Porto privado
e guarda terceirizada é o caminho aberto
para o tráfico nos navios do mundo inteiro”, disse Paulinho.
Relator
O líder do governo no Senado e relator da MP 595,
senador Eduardo Braga (PMDB-AM), criticou a quebra
do acordo dos sindicalistas com o Governo para suspensão das greves.
“Eles estão antecipando algo que ainda está em negociação”.
Braga lembrou que, em reunião realizada terça-feira,
da liderança do Governo na Câmara com lideranças dos portuários,
que teve também a participação do ministro da Secretaria Especial dos Portos,
Leônidas Cristino, foi reafirmado que a negociação continuaria até dia 15, sem greves.
Porém, esse argumento foi ironizado pelo presidente
do Sindicato dos Estivadores de Santos. “O acordo realmente vai só até o dia 15.
Se, até lá, o Governo não confirmar as nossas reivindicações, os portos vão parar”, disse Rodnei.
Texto e Imagens : A Tribuna